domingo, 14 de novembro de 2010

Evasivas, definitivamente, não são acidentais...

...
A menina olhou fundo naqueles olhos e, sem uma palavra, muda de paixão, disse-lhe tudo...
Ele, percebendo o sentimento que despertara, armou-se com o verniz de evasivas...
A menina, coração apertado, sabia que o que sentia era loucura...mas sentia mesmo assim...
Ele, sabendo de tudo, fingia que ignorava...
A menina, sem conseguir resistir, queria mais...
Ele, com evasivas, nada deixava entrever...
A menina sentia sua falta e deixava-o saber disso...
Ele fingia não perceber.
A menina, nas entrelinhas, dizia-lhe tudo o que sentia...
Ele preferia nada dizer.
A menina, então, cansou-se de tudo
e, sem nada dizer, afastou-se...
Ele ficou lá, enigmático, tal qual um quadro de da Vinci.
E a vida passou pelos dois...
E os dois, cada qual no seu canto, passaram pela vida...
...

Texto de Andréia Bonho Borba
12/11/2010
  Este texto, de minha autoria, também está puublicado em: http://drepente30.blogspot.com/

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Conversar é uma forma de amar

O diálogo foi uma das questões mais importantes no surgimento da filosofia. Serviu de modelo teórico de uma ação prática. Platão, na antiguidade clássica, usou-o como estilo para mostrar que a filosofia dependia da conversação. Ele queria mostrar que ela não era uma teoria isolada das relações humanas. Que nascia da diferença do pensamento de cada um que entrava em contato com o pensamento de outro. Chegou a dizer que o pensamento era o diálogo da alma consigo mesma num sentido muito próximo do “falar com os próprios botões” que conhecemos tão bem. Pensar era uma questão de linguagem. O pensamento precisava das palavras, da gramática, da língua, do imaginário, do mito, para se expressar e, por isso, o cuidado com a escolha e o uso de todos estes elementos era tão essencial.

Da conversação é que surgem todas as nossas relações sociais: desde a família até as decisões políticas, passando pela amizade e pelo amor. É porque não sabemos que a arte da conversa é muito mais do que a mera persuasão, que convencimento ou sedução, que perdemos de vista sua função ética. Conversar serve para criar laços sinceros e reais. Com ele se funda o que chamamos sociedade cujo laço essencial é o amor, segundo Humberto Maturana, importante biólogo e filósofo chileno da atualidade.

Ninguém conversa mais

Desaprendemos de conversar por alguns motivos. Um deles é o descaso que temos com as palavras. Nem nos preocupamos em conhecê-las, não avaliamos a história da humanidade que nelas se guarda. Não imaginamos que palavras tão comuns quanto liberdade, memória, história, pensamento, prática, e tantas outras possuem uma vasta história. E não se trata apenas da etimologia, da origem dos nomes, mas da função simbólica, do que está guardado nas palavras como sentido que vai além delas e mostra o mundo humano dos afetos, sentimentos, desejos, projetos. Não apenas os poetas e escritores devem cuidar das palavras, mas todos os humanos.

Conversar é perigoso, dizem os donos do poder

A má política, aquela que se separou da ética, sempre soube o quão perigoso para si mesma era a conversação. Nos campos de concentração da Alemanha nazista era comum a separação de prisioneiros de mesma língua e o convívio de prisioneiros de nacionalidades diferentes. Podemos chamar “violência simbólica”, segundo a expressão do sociólogo do século XX Pierre Bordieu, a este gesto de impedir o contato pela palavra. Sabiam os nazistas que este era um procedimento de tortura mental e também de proteção do regime. Sabiam que a conversa sempre aproxima os seres humanos por criar afetos e, deles, pode surgir algum projeto que modifique alguma coisa que alguém desejava ver sempre igual. A conversação cria cumplicidade. Por isso, todas as instituições autoritárias proíbem a conversação.

Mas o problema maior em nossa sociedade atual é o fato de que incorporamos a proibição da conversa. Introjetamos o medo do contato. Não sabemos mais conversar, perdemos o estímulo quando caímos em depressão ou morremos de medo quando somos tímidos. A frase de Sartre “o inferno são os outros” muitas vezes pode nos socorrer diante do pavor do contato e da relação mais íntima com quem poderia vir a ser um amigo.

Quantas vezes parecemos conversar, mas isso não ocorre. Conversações estranhas, porque sem diálogo, aparecem quando numa festa, num encontro casual, ou na escola, no trabalho, ou mesmo em casa, contamos sobre um filme que vimos. A pessoa a quem nos dirigimos, quem deveria conversar sobre o que lhe dizemos, recorre imediatamente a outro filme que ela viu ou diz não gostar de cinema. Fazemos isso e assim nem conversamos sobre o filme assistido por quem narra o fato, nem o visto por quem o ouve. Perdemos a capacidade de prestar atenção no que foi dito. A capacidade de escutar está em extinção. Se usarmos outro exemplo perceberemos o fenômeno de modo ainda mais claro: quando alguém fala de seus problemas, o outro, aquele que deveria ouvir, sempre comparece com seus exemplos interrompendo a atenção necessária à exposição do primeiro, quando não chega a dizer “não quero ouvir, pois isso não me acrescentará nada”, como se conversar – o que fazemos de mais humano - fosse uma troca mercantil de lucros e ganhos. Ou ainda, interrompe com um “eu sei” prepotente, inviabilizando toda descoberta. Em outras palavras, nos tornamos – em graus variados - incomunicáveis. Em tempos de comunicação de massas, numa sociedade estimulada pela mídia que nem sempre cumpre com seu papel de comunicar, esta se tornou uma questão essencial.

O que teremos a nos dizer no futuro?

Walter Benjamin dizia que a incapacidade de narrar experiências comunicáveis resulta das experiências negativas que sofremos. Um soldado que vai a guerra é o seu exemplo, mas podemos usar nossos mais próximos: aquele que vive na rua sem lar, o que vive na miséria material qualquer que seja, aquele que se sente só num asilo, num orfanato, num hospital. Que criança será capaz de sobreviver em sua intimidade se nenhuma linguagem será capaz de expressar o sofrimento que ela viveu na pele perambulando pelas faróis e, do outro lado, não havendo ninguém que possa ouvi-la? Que poderá ela nos dizer se chegar a ser adulta? Não temos o que dizer aos descendentes de escravos, aos aviltados históricos deste país?

O que temos nós, de fato, a dizer e a ouvir desta esta criança nas ruas? Elie Wiesel, autor de A Noite, quando criança assistiu à morte por enforcamento de um menino num campo de concentração. A condenação fora a condenação do futuro e de toda a humanidade. Mas ainda podemos corrigir os erros. Melhor começar conversando direito, descobrindo o que temos a dizer e ouvir.

Por Marcia Tiburi

Publicado em "Vida Simples", em abril de 2007.

sábado, 21 de agosto de 2010

O tempo é um escultor?

Grupo RBS
Quem de nós já não disse esta frase: “Foi muito difícil passar por isso, mas a experiência me ensinou muito.” Nem sempre, nem sempre. Muitas vezes essas brechas de luz não resistem à passagem do tempo. Elas abrem um fulcro de consciência enquanto a dor nos corrói, mas costumam desaparecer assim que o sofrimento se atenua em nosso interior. Temos coisas mais urgentes em que pensar. Normal. Mais do que isso, é saudável não ficar acariciando as perdas, transformando-as em mascotes de estimação, enquanto nos afeiçoamos ao papel de vítima. Que, apesar de provocar alguns estragos psíquicos, sempre comove os outros. E principalmente a nós mesmos.

Mas há outro aspecto nesta questão que não costuma ser considerado. Com o acúmulo de fatos vividos, com a soma de emoções positivas e negativas, acabamos perdendo a leveza, a curiosidade. Nossas atitudes se tornam mais rígidas. Endurecemos. Perdemos também muito da espontaneidade que parece ser privilégio mais dos jovens, dos muito jovens. Talvez essa equação hospede um equilíbrio necessário para a manutenção do próprio ser. Quando tudo é fulgor e exuberância, fica faltando a sobriedade que se irmana à reflexão e faz com que acertemos mais em nossas escolhas.

Ainda assim, eu não faria a apologia desbragada da experiência. Vamos envelhecendo e, se não tivermos cuidado, tudo vai se tornando menos interessante. É preciso uma força física e emocional extra para sustentar o olhar de espanto sobre o mundo. E perceber como é necessário manter a alteridade em nossos relacionamentos. Continuar aprendendo com quem gosta de fazer esboços, sem o peso e a gravidade de não poder mais errar.

O que o tempo esculpe dentro de nós? O que nos rouba? É recomendável ter muito cuidado para que essa presumível sabedoria que a maturidade nos dá não nos transforme em homens e mulheres tristes. Pior: em chatos cheios de verdades inquestionáveis. A sedimentação de conceitos conduz à intransigência. Como se fosse uma espécie de crime reconhecer que nos enganamos – como se a gente tivesse preguiça para começar de novo. Os caminhos são múltiplos e quase sempre é possível retroceder. O que parece uma espécie de leviandade pode ser o saudável exercício de correr riscos, de experimentar todas as possibilidades que estão a nossa disposição.

Ninguém quer passar horas e mais horas refazendo o itinerário que considerava definitivo. Mas o fato é que a convicção de que vamos nos tornando mais sábios deixa em nós resíduos de arrogância. Será que podemos mesmo ensinar alguma coisa para os outros? O que se chama de vivência não pode ser terceirizada. Cada um trabalha com um martelo próprio e as feições que vai moldando só pertencem a si mesmo. O escritor Pedro Nava dizia que a experiência é como um carro com os faróis voltados para trás.

Seria bom se nos aferrássemos a essa alegria que vemos no rosto dos que continuam nascendo. Ou, se tanto não for possível, pedir emprestado um pouco dessa vontade inquebrantável que os joga para fora de si mesmos, desejando os encontros.

O fastio não precisa ser o prêmio amargo de quem envelhece. Não são apenas os movimentos do corpo que se pode perder. Há algo mais grave: a falta de mobilidade interior.

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/rs/impressa/11,3013449,1232,15342,impressa.html

sábado, 7 de agosto de 2010

Além do fato: credo do otário

Texto extraído do blog: "...anseios, dúvidas, questionamentos..."  http://franbecher.blogspot.com/ da minha querida amiga Fran Becher...


Além do fato: credo do otário (por José Murilo de Carvalho)
 

Mais um pleito eleitoral se avizinha. Novos deputados, governadores e senadores serão eleitos. Um(a) novo(a) presidente(a) será eleito(a). Pensando nisso, trago algumas provocações de um autor bastante conhecidos entre os historiadores que se ocupam do estudo da sociedade brasileira. Seguindo o seu conselho, que tal sermos um pouco mais "otários"?



1. Creio na existência do interesse coletivo, na virtude política e na justiça social. Eu sou otário.

2. Creio que o dinheiro do contribuinte é público e é administrado pelo governo, mas não pertence ao governo. Eu sou otário.

3. Creio no direito dos contribuintes de se recusarem a pagar impostos quando o dinheiro público for objeto de malversação pelo governo. Eu sou otário.

4. Creio que os políticos são delegados dos eleitores e têm que prestar contas de seus atos e dar transparência a suas ações. Eu sou otário.

5. Creio no direito dos eleitores de revogar o mandato de representantes infiéis e corruptos, mesmo na duração do mandato. Eu sou otário.
6. Creio que os funcionários públicos de todos os escalões são servidores dos contribuintes e têm que pautar seu comportamento pelo uso honesto do dinheiro público, pela eficiência e pela civilidade. Eu sou otário.

7. Creio que tanto assalta o patrimônio do cidadão o contribuinte que sonega imposto quanto o Estado que cobra impostos escorchantes. Eu sou otário.

8. Creio que são tão corruptos o político e o funcionário público que cobram propina quanto o empresário que oferece propina em troca de favores. Eu sou otário.

9. Creio que a impunidade é a madrinha da corrupção e que a prisão especial para portadores de diplomas universitários viola o princípio da igualdade perante a lei. Eu sou otário.

10. Creio que é mais corrupto o político que compra voto abusando do poder econômico do que o eleitor que vende voto por necessidade econômica. Eu sou otário.

11. Creio que é menos criminoso o camelô que vende produto contrabandeado para sobreviver do que o empresário que subfatura, sobrefatura, lava dinheiro e sonega imposto para se enriquecer. Eu sou otário.

12. Creio que a República é o regime político que se define pela preocupação com a coisa pública e que o clientelismo, o nepotismo, o patrimonialismo, o mensalão são a corrupção da República. Eu sou otário.

Otários do Brasil, uni-vos!

(Texto publicado no Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, em 18 de agosto de 2005).

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Teus sinais

Impressionante como essa música do Djavan capta perfeitamente o que sinto quando olho p/ vc...


"Teus sinais
Me confundem
Da cabeça aos pés
Mas por dentro
Eu te devoro,
Teu olhar
Não me diz exato
Quem tu és
Mesmo assim
Eu te devoro... "
(Djavan)

 

Prece Irlandesa


"Que a estrada se abra à sua frente,
Que o vento sopre levemente às suas costas,
Que o sol brilhe morno e suave em sua face,
Que a chuva caia de mansinho em seus campos...
E, até que nos encontremos de novo,
Que Deus lhe guarde na palma de Suas mãos. "


Prece Irlandesa 

domingo, 25 de julho de 2010

Antes do dia partir...


O que valeu a pena hoje?

Sempre tem alguma coisa. Um telefonema. Um filme...

Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro "O Amor Acaba",
diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inultilmente.

Eu tenho, há anos, isso como lema.

É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que passou está dando o prefixo e saindo do ar,
eu penso: o que valeu a pena hoje?


Sempre tem alguma coisa.
Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo.

Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava escuro dentro da gente.

Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo:
ganhar um aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento,

ganhar uma licitação, ganhar uma partida.

Mas para quem valoriza apenas as megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com carinho e uísque,

mesmo já tendo seu superapartamento, sua bela esposa,

seu carro do ano e um salário aditivado.


Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes.

Uma segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos
Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me
fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim.

Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que
amo muito recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria.

Na quarta, o dia foi ganho porque o aluno de uma escola me pediu para tirar uma foto com ele.

Na quinta, uma amiga que eu não via há meses ligou me convidando para almoçar.

Na sexta, o dia não partiu inultilmente, só por causa de um cachorro-quente.

E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo,
um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.

Claro que tem dias que não servem pra nada, dias em que ninguém nos surpreende, o trabalho não rende e

as horas se arrastam melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado:

batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado.

Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante,

naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica.

É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente

é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã...

* Martha Medeiros*

sábado, 24 de julho de 2010

"DESTRALHE-SE"


Texto: Carlos Solano-Arquiteto-Especialista em Feng-Shui
 
 -"Bom dia, como tá a alegria"?
Diz dona Francisca, minha faxineira rezadeira, que acaba de chegar.
 -"Antes de dar uma benzida na casa, deixa eu te dar um abraço que preste!" e ela me apertou.
 Na matemática de dona Francisca, "quatro abraços por dia dão para  sobreviver; oito ajudam a nos manter vivos; 12 fazem a vida prosperar".
 Falando nisso, "vida nenhuma prospera se estiver pesada e intoxicada".
 Já ouviu falar em toxinas da casa?
 Pois são:
 - objetos que você não usa, roupas que você não gosta ou não usa há um ano, coisas feias, coisas quebradas, lascadas ou rachadas, velhas cartas, bilhetes, plantas mortas ou doentes, recibos/jornais/revistas antigos, remédios vencidos, meias velhas, furadas, sapatos estragados...
 Ufa, que peso!
 "O que está fora está dentro e isso afeta a saúde", aprendi com dona  Francisca.
 - "Saúde é o que interessa. O resto não tem pressa"!, ela diz, enquanto me  ajuda a 'destralhar', ou liberar as tralhas da casa...
 O 'destralhamento' é a forma mais rápidas de transformar a vida e ajuda as outras eventuais terapias.
 Com o destralhamento:
 - A saúde melhora;
 - A criatividade cresce;
 - Os relacionamentos se aprimoram...
 ensina o feng shui, com a delicadeza própria das artes orientais.
 Para o feng shui, é comum se sentir: cansado, deprimido, desanimado, em um ambiente cheio de entulho, pois "existem fios invisíveis que nos  ligam à tudo aquilo que possuímos".
 Outros possíveis efeitos do “acúmulo e da bagunça: sentir-se desorganizado, fracassado, limitado, aumento de peso, apegado ao passado”...
 No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecargas;
 Na entrada, restringem o fluxo da vida;
 Empilhadas no chão, nos puxam para baixo;
 Acima de nós, são dores de cabeça;
 Sob a cama, poluem o sono.
 Então... se dona Francisca falou e o feng shui concordou... nada de  moleza!
 -"Oito horas,  para trabalhar;
   Oito horas,  para descansar;
   Oito horas,  para se cuidar."
 Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:
 - Por que estou guardando isso?
 - Será que tem a ver comigo hoje ?
 - O que vou sentir ao liberar isto?
 ...e vá fazendo pilhas separadas...
 - Para doar!
 - Para vender!
 - Para jogar fora!
 E depois de destralhar-se...
 - Jogue sal grosso nos ralos,
 - Ponha um prato com carvão no quarto (tira os cheiros e as energias ruins);
 - Deixe um ramo de boldo em um copo d'água para purificar.
 Para destralhar mais: livre-se de barulhos, das luzes fortes, das cores berrantes, dos odores químicos, dos revestimentos sintéticos....
 e também... libere mágoas, pare de fumar, elimine ou pelo menos diminua o uso da carne, termine projetos inacabados.
 "Se deixas sair o que está em ti, o que deixas sair te salvará...Se não deixas sair o que está em ti, o que não deixas sair te destruirá". Arremata o mestre Jesus, no evangelho de Tomé.
 "Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser  impermanente"; diz a sabedoria oriental.
 O Ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado  instante presente.
 Dona Francisca me conta que: "as frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tempo".
 a gente deveria de ser assim, ela diz.
 "Destralhar ajuda a adocicar."
 Se os sábios concordam, quem sou eu para discordar...
Deng Ming-Dao )

terça-feira, 13 de julho de 2010

Desespero

por Andréia Bonho Borba (2005)

"Percorri caminhos inexistentes
Pensei pensamentos desconexos
Sonhei sonhos impossíveis
Senti na boca
o gostos amargo
de tantas quimeras...
E, por fim,
no auge da minha loucura (?)
Escarrei meu sangue
ávido,
quente,
desesperado
Na face de quem acredita..."

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A menina que morava aqui, em mim,
saiu pra passear, não voltou mais.
Vestiu seu melhor vestido,
calçou seu sapato novo,
passou batom borrado nos lábios.
perfume de manga jasmin...
Se foi assim, de uma hora pra outra.
Nem se despediu, nem levou bagagem.
Não deixou nada além de saudades.
Lembranças, retratos, bugingangas...
Não fez cobranças, não pagou contas.
nem ficou me devendo nada,nada!
Nada que um dia eu possa cobra-la.
A menina que morava em mim,
apenas se cansou de tudo
....... 

fonte: http://palavras3x4.livejournal.com/

quinta-feira, 17 de junho de 2010

SEJA PASSADO O PASSADO.
TOME-SE OUTRA VEREDA E PRONTO.
(Cervantes)


E eu pergunto: COMO?????

quinta-feira, 20 de maio de 2010

E, veja a ironia...
Ligo o rádio e eis que Paulinho Moska  escancara meu sentimento... Assim, com a maior falta de cerimônia....

 
"EU, ESTOU PENSANDO EM VOCÊ, PENSANDO 
EM NUNCA MAIS PENSAR EM TE ESQUECER..."

PRINCÍPIO DOS REFINADOS

E eis que pensando no que (dizem) não devo, me deparo com Nietzsche novamente...



PRINCÍPIO DOS REFINADOS

Melhor na ponta dos pés
do que de quatro!
Melhor pela fechadura
Do que por portas abertas.



F. Nietzsche
(A Gaia CIência)

terça-feira, 20 de abril de 2010

VAZIO NO PEITO



A saudade é um sentimento curioso... 
Ao mesmo tempo em que evoca a imagem de alguém, também deixa um vazio profundo e dolorido no peito...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

ALGUMA COISA ACONTECE NO MEU CORAÇÃO...


Irrompem em mim sentimentos confusos, que me fazem perder até mesmo a noção do ridículo... 

A autocrítica simplesmente diz "até logo" e sai sorrateira pela porta dos fundos, enquanto o coração, todo senhor de si, parece querer demonstrar que, por mais que eu lute, ele é quem me domina e comanda...

E me vejo indefesa, à mercê de um gesto, um sorriso, um olhar... Indefesa, ante respostas evasivas (que não são acidentais!)...

Pois é... Como cantava o bom e velho Caetano: "  alguma coisa acontece no meu coração [...] "  ...

O SEDUTOR INVOLUNTÁRIO

Atirou no ar palavras vazias,

Por distração - e abateu assim uma mulher.
 
F. Nietzsche
(A Gaia Ciência)


That's for you......

Wish you were here - Pink Floyd

 

Wish You Were Here




So,
So you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?


Did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
Did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?


How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here

 

Queria Que Você Estivesse Aqui


Então,
Então você acha que consegue distinguir
O céu do inferno
Céus azuis da dor
Você consegue distinguir um campo verde
de um frio trilho de aço?
Um sorriso de um véu?
Você acha que consegue distinguir?

Fizeram você trocar
Seus heróis por fantasmas?
Cinzas quentes por árvores?
Ar quente por uma brisa fria?
Conforto frio por mudança?
Você trocou
Um papel de coadjuvante na guerra
Por um papel principal numa cela?

Como eu queria, como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre este mesmo velho chão
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui

Noções

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

[...]



Cecília Meireles

Sobre a escrita

[...] A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som 
[...] Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras.
O O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo.  [...] 
Clarice Lispector 



 

CERTAS PALAVRAS...

Certas palavras não podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciadas
em tom muito especial
lá onde a polícia dos adultos
não adivinha nem alcança.

Entretanto são palavras simples:
definem
partes do corpo, movimentos, atos
do viver que só os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos.

E tudo é proibido. Então, falamos.

Carlos Drummond Andrade

Cena Íntima

[...]
Que pequei eu bem conheço,
Mas castigo não mereço
Por pecar;
Pois tu queres chamar crime
Render-me à chama sublime
Dum olhar!

[...]

E depois, se eu te repito
Que nesse instante maldito
- Sem querer -
Arrastado por magia
Mil torrentes de poesia
Fui beber!

Eram uns olhos escuros
Muito belos, muito puros,
[...]
Uns olhos assim tão lindos
Mostrando gozos infindos,
[...]

Quando os vi fulgindo tanto
Senti no peito um encanto
Que não sei!
Juro falar-te a verdade...
Foi decerto - sem vontade -
Que eu pequei!
[...]

Casimiro de Abreu 

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...

Mario Quintana - Espelho Mágico
 

Ai, ai...Pois é...
O que quero é inatingível...e ainda assim quero...muito...
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