sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cansado de ver cadeiras vazias fundou uma escola debaixo do pé de manga

O texto que segue me fez refletir muito sobre as coisas que talvez nós pudessemos fazer em prol dos outros se, realmente, nos dispusessemos de coração a isso...

 

Cansado de ver cadeiras vazias fundou uma escola debaixo do pé de manga


Sebastião Rocha
Esse texto faz parte da coleção “Histórias que mudam o mundo”, criada e mantida pelo Museu da Pessoa. Nela, encontram-se grandes e pequenas histórias de mudanças que acontecem todos os dias ao nosso redor, transformando vidas e fazendo do mundo um lugar mais justo, mais bonito e mais feliz.
Quando eu saí da universidade, vi que precisava criar um espaço de aprendizagem. Há 21 anos resolvi, com um grupo de amigos, criar o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, o CPCD. Nós tínhamos um monte de perguntas, de dúvidas. A primeira pergunta que a gente se fez foi se era possível educar sem escola, porque a gente via muito menino na rua querendo aprender, e que ia pra escola e era expulso. Repetia um, dois anos e saía fora. Havia muito projeto de construção de escolas, e no fim, as salas ficavam vazias.
Então eu fui para a Rádio Clube de Curvelo (MG) e falei: “Vai ter uma reunião das pessoas interessadas pra discutir uma educação sem escola, uma escola debaixo do pé de manga”. Sentamos numa roda e começamos a falar disso. Depois de uma semana de conversa eu vi que a gente não falava de uma escola que a gente gostaria de ter, a gente falava de uma escola que a gente gostaria de não ter. E aí eu transformei aquelas informações num negócio que eu chamei de Não Objetivos Educacionais. O que nós não queremos que aconteça.
Eu mandei pra uma fundação em São Paulo, a Fundação Kellog. O Marcos Kisil viu aquilo, me ligou e falou: “Olha, eu recebi um projeto aqui meio estranho. Não tem objetivos, ele tem não-objetivos”. Eu falei: “Mas é isso mesmo, professor”. Ele falou: “Mas com não-objetivos você vai ter não-financiamento”. Eu falei: “E o senhor vai ter não-resultado e não vai dar certo”. Ele falou: “Isso é uma ideia muito maluca. Vou criar um banco de ideias, vou deixar isso cozinhando aqui pra ver se um dia a gente conversa a respeito”.
Passado uns dois meses ele me chamou: “Se você nos convencer que isso é interessante, nós vamos entrar com você nessa empreitada”. Eu consegui convencê-los e montamos a primeira experiência nossa, o Projeto Sementinha.
O que a gente desenvolveu nesses anos todos foram quatro grandes pedagogias. Uma é a pedagogia da roda, em que tudo o que a gente faz é numa roda e com todo mundo se vendo. A roda produz consensos e não produz eleições; A outra é a do brinquedo, em que é possível aprender matemática, história, geografia, ética, generosidade, solidariedade e sexualidade, jogando e brincando prazerosamente; Outra é a pedagogia do abraço, de construir as relações de autoestima e de solidariedade; E a última é a do sabão, quer dizer, do aproveitamento dos recursos, do conhecimento ancestral para a construção de coisas.
Cada uma delas foi construída e é construída diariamente com a meninada. E desde essa época eu comecei a defender uma ideia que vai na contramão do discurso oficial, que falava que lugar de menino é na escola. É na escola só se for aprendendo, porque se não for aprendendo é chato demais. Lugar de menino é na rua, na praça, no coreto, no shopping. Não temos que tirar os meninos da rua, temos que transformar a rua num espaço de solidariedade. Para nós, solidariedade é construída, não é por decreto. As pessoas não nascem solidárias.
(AsBoasNovas)

Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/cansado-de-ver-cadeiras-vazias-fundou-uma-escola-debaixo-do-pe-de-manga/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje

8 comentários:

  1. Fantástico! É possível fazer diferente, né? É possível mudar a cara da educação e realmente fazer valer, fazer educação de verdade.
    Trabalho em escola e já ouvi inúmeras vezes dos professores, diretores, e outros profissionais, que determinados alunos "não querem nada com a vida", quando na verdade deveria ser oferecido a eles um modelo de ensino que de fato funcionasse.

    É um sonho, mas como vimos na história acima, não é assim tão distante.

    Beijos, Déia.

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  2. Oi Mi! Td bem querida?
    Sim, de fato quando realmente queremos conseguimos operar alguma mudanças, ainda que pequenas... Sou profe de Filosofia e acredito piamente que o aluno jamais vai "querer alguma coisa" se o professor, primeiro, não tiver convicção acerca do que faz... Obrigada pela visita amada! Bjão!

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  3. Efectivamente tudo tem que ser construído. Nada cai do céu sem esforço.
    O meu agradecimento a quem faz sem esperar recompensa.

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  4. Olá mfc! Td bem querido?
    Sim, de fato, deveríamos agradecer muito àqueles que fazem sem esperar nada em troca...Abração! Déia

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  5. Oi Andréia

    Muito legal as atitudes do ser humano, quando elas são para o bem... E essa atitude é mais uma daquelas que a gente deixa passar despercebido, porque a mídia fala 10 dias sobre um assunto ruim e 10 segundos sobre um bom, isso quando fala 10 segundos...

    Mas importante ter gente como vc que ainda divulgue essas atitudes...

    Grande beijo querida...


    Ani

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  6. Oi Cristal! td bem querida?
    Sim, de fato a mídia noticia muito pouco as boas ações dos seres humanos. uma pena... Mas, ainda bem, elas existem, né?
    Bjs querida. Déia

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  7. E em resposta a sua pergunta lá no meu blog...

    Você já me ajuda demais minha linda, sempre que venho aqui no seu cantinho saio renovada...

    E esse sentimento de quem perdeu o que nem teve, uma hora passa... (eu espero)rsrsrsrs

    Obrigada por se preocupar viu menina


    Beijos

    Ani

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  8. Oi Ani! (Ah, e eu que sempre chamei Cristal... Tão lindo...hehehehe... Sorry, viu?)
    Querida, passa sim... Pode demorar, mas tudo passa um dia, tanto as coisas boas quanto as ruins. (Ainda bem)

    Beijos enormes minha querida, Déia.

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"Onde eu não estou
as palavras me acham."
Manoel de Barros

Olá! Fico muito feliz pela sua visita! Responderei ao seu comentário por aqui, portanto volte logo, sim?
Um abraço apertado a todos que por aqui passarem!
Déia
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